ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), derrubou nesta segunda (15) uma decisão do TRT-RJ (Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro) que obrigava a Globo a pagar uma indenização de R$ 3,5 milhões ao autor Euclydes Marinho, que trabalhou como autor na emissora por 41 anos.
Não cabe recurso a decisão de Fux. A reportagem teve acesso ao seu despacho. Segundo o ministro, não havia elementos favoráveis aos pedidos de Euclydes Marinho na esfera trabalhista.
Fux citou também que o STF já tem entendimento definido sobre o assunto. Recentemente, a corte maior do Brasil derrubou condenações que envolviam outras emissoras, como as que beneficiavam Rachel Sheherazade e Hermano Henning em ações contra o SBT.
Junto com pedidos de indenizações pela sua saída, que ocorreu em 2020, Euclydes também pediu um valor para repor danos por não ser liberado para realizar outros projetos fora da Globo, como no teatro e cinema, devido seu contrato de exclusividade.
Euclydes e seus advogados relataram que o escritor precisou recusar trabalhos por conta da não autorização. A Globo se defende e afirma que o liberou para diversas produções, como os filmes Primo Basílio (2007) e Se Eu Você Você 2 (2008), e a peça Shirley Valentine (1991).
Em primeira instância, a Globo conseguiu vitória, mas a defesa de Euclydes recorreu da decisão e conseguiu que a Globo fosse condenada a pagar R$ 3,5 milhões, além das custas processuais, orçadas em R$ 30 mil.
A Globo não comenta casos jurídicos. A defesa de Euclydes Marinho não respondeu até a última atualização desta reportagem.
A CARREIRA DE EUCLYDES MARINHO
Nascido no Rio de Janeiro em 1950, Euclydes Marinho estreou na Globo em 1979, convidado para integrar a equipe de autores da série “Ciranda Cirandinha”. No mesmo ano, ajudou na criação e escreveu o primeiro episódio de “Malu Mulher”, série feminista protagonizada por Regina Duarte que marcou época.
A partir daí, colaborou em diversos programas, entre novelas, séries e humorísticos, como a icônica “Armação Ilimitada” (1885-1988), até estrear como autor de novelas em Mico Preto (1990), exibida no horário das sete.
Deixou a Globo em 1994 rapidamente para escrever “Confissões de Adolescente” (1994) na TV Cultura, mas voltou em 1995. Nesse período, fez “Andando nas Nuvens” (1999) e outra trama das sete, e “Desejos de Mulher” (2002), trama que juntou Regina Duarte e Gloria Pires pela primeira vez desde Vale Tudo (1988).
A trama também trouxe para a Globo o jovem autor João Emanuel Carneiro, hoje um de seus principais novelistas. Nos últimos anos de Globo, Euclydes Marinho se dedicou à produção de séries.
Fez “Capitu” (2009), baseada na obra de Machado de Assis; As Cariocas (2010), nova parceria com Daniel Filho; “O Brado Retumbante” (2012), retratando o universo da política nacional no eixo Brasília e Rio de Janeiro; e “Felizes para Sempre?” (2015), uma história ousada que retrata um conflito de casais. Esta última ficou conhecida por mudar de patamar a carreira de Paolla Oliveira.
Sem ter projetos aprovados durante quatro anos e após o engavetamento de uma novela que teria direção com Amora Mautner, Euclydes Marinho não teve seu contrato renovado pela Globo por conta da política de corte de gastos da empresa. Desde então, o escritor não fechou outros trabalhos em empresas de streaming ou em concorrentes da televisão.
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