O fígado, uma glândula vital composta por milhões de células chamadas hepatócitos, está localizado no lado direito do abdômen e é responsável pela produção de substâncias essenciais para o equilíbrio do organismo, e apesar de sua capacidade de regeneração, algumas doenças podem causar insuficiência hepática aguda ou crônica grave, colocando a vida do paciente em risco.
“Nesses casos, a única opção terapêutica viável é o transplante de fígado, que envolve a substituição do órgão comprometido por um fígado saudável. Este fígado pode ser obtido de um doador com morte cerebral compatível ou de um doador vivo disposto a doar parte de seu órgão”, é o que destaca o Dr. Lucas Nacif, médico transplantador, cirurgião gastrointestinal e membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
De acordo com dados do Registro Brasileiro de Transplantes, no último ano foram realizados 2.135 transplantes de fígado. Desde 2013, já foram realizados 20.530 transplantes desse órgão e, em março de 2023, a lista de espera para essa cirurgia continha 1.302 pacientes adultos e 59 pacientes pediátricos. Em 2024, segundo a Secretaria do Estado de Saúde em São Paulo, até março, foram realizados 1.857 transplantes de órgãos no estado de São Paulo, sendo 153 de fígado. Neste mesmo período, a fila de espera contabiliza 22.580 pessoas, das quais 458 aguardavam por um transplante de fígado.
Nacif, explica que o fígado estar em segundo lugar como o órgão mais transplantado se dá o fato de apresentar muitos casos de cirrose e hepatite aguda grave com necessidade de transplante, “perdendo” apenas para a necessidade do paciente sair da hemodiálise com o transplante renal. “O fígado sempre dá sinais, e quando ele falha, o impacto na saúde pode ser de imediato, necessitando de intervenção urgente nos casos de hepatite fulminante ou impacto progressivo com piora da qualidade de vida pela cirrose e suas complicações”.
Ainda segundo o médico, as doenças que podem levar à necessidade de um transplante incluem: hepatite C, cirrose alcoólica, hepatite B, fígado gorduroso não alcoólico e doenças hepáticas genéticas. Além disso, tumores hepáticos também podem ser uma indicação.
Quem pode doar?
Nem todas as pessoas podem doar o fígado, mesmo manifestando o seu desejo, explica Nacif. “Para ser um doador, é necessário passar por uma avaliação médica rigorosa. No caso de doadores falecidos, a morte cerebral deve ser confirmada, e o doador precisa estar em boas condições de saúde antes do falecimento. Além disso, são realizados testes para garantir a compatibilidade entre o doador e o receptor, considerando fatores como tipo sanguíneo e tamanho do órgão.” esclarece.
No caso de doadores vivos, o cirurgião explica que processo é ainda mais criterioso “Geralmente, são parentes próximos do receptor, como pais, irmãos ou filhos, e devem estar em excelente estado de saúde. Exames detalhados são realizados para avaliar a função hepática e garantir que o doador possa suportar a cirurgia. A capacidade de regeneração do fígado permite que uma parte do órgão seja doada, com ambos, doador e receptor, recuperando-se bem após o procedimento”, pontua.
Quais os cuidados depois de um transplante?
De acordo com o Dr. Lucas Nacif, após um transplante de fígado, tanto o doador quanto o receptor precisam de cuidados específicos. Para o doador, é importante seguir as instruções médicas para garantir uma recuperação completa, incluindo repouso adequado, acompanhamento médico regular e evitar atividades extenuantes.
Já para o receptor, Nacif ressalta que os cuidados são ainda mais delicados. Isso inclui tomar medicamentos imunossupressores conforme prescrito para evitar a rejeição do órgão transplantado, manter uma dieta saudável para apoiar a função hepática, evitar álcool e outras substâncias que possam prejudicar o fígado, e fazer acompanhamento médico regular para monitorar a função do fígado e detectar quaisquer complicações precocemente.
“Além disso, tanto o doador quanto o receptor devem estar cientes dos sinais de alerta de complicações pós-transplante e relatar imediatamente quaisquer sintomas preocupantes aos seus médicos. O apoio emocional e psicológico também é importante para ambos, já que o processo de transplante também pode ser desafiador emocionalmente”, finaliza.
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