SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Centenas de soldados do Exército de Israel invadiram as cidades de Jenin, Tulkarem e outras áreas da Cisjordânia ocupada nesta quarta-feira (28), em um dos maiores ataques de Tel Aviv à região em meses.
Autoridades palestinas e o Crescente Vermelho afirmaram que a ação deixou ao menos 10 mortos -2 em Jenin, 4 em Tulkarem e 4 no campo de refugiados de Fara, perto da cidade de Tubas, no Vale do Jordão. Houve relatos de que as tropas estariam se preparando para invadir outro campo, de Nur Shams.
Os ataques, que envolveram veículos blindados, helicópteros e drones, ocorrem após semanas de incursões menores das tropas israelenses. E evidenciam a multiplicidade de frentes abertas por Israel em meio à sua guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Além dos confrontos lá e na Cisjordânia ocupada, ainda há registros de ofensivas contra combatentes em áreas do Líbano e da Síria, fazendo aumentar o temor de uma regionalização ainda maior do conflito.
As forças israelenses contabilizaram nove óbitos na Cisjordânia nesta quarta, não dez como anunciado pela Autoridade Nacional Palestina e pelo Crescente Vermelho, e todas de terroristas. Elas justificaram a operação como um esforço para desmobilizar “uma frente terrorista oriental” que estaria sendo estabelecida pelo Irã na região, nas palavras do ministro das Relações Exteriores, Israel Katz.
Katz disse em uma publicação do X que essa célula a princípio funcionaria da mesma maneira que aquelas estabelecidas pelo Hamas em Gaza e pelo Hezbollah no Líbano, isto é, com Teerã “apoiando financeiramente os terroristas e contrabandeando armas avançadas a partir da Jordânia”.
O ministro ainda afirmou que o Exército israelense pode começar a ordenar que civis esvaziem áreas da Cisjordânia antes de operações militares, como faz hoje em regiões em Gaza. Milhões de habitantes da faixa tiveram que se deslocar dezenas de vezes desde o início da guerra, em 7 de outubro, em razão de comandos similares.
Incursões das tropas de Tel Aviv a zonas autônomas palestinas na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, eram frequentes desde antes da guerra em Gaza.
Mas a invasão da faixa, desencadeada após os atentados do Hamas contra o sul de Israel que deixaram pelo menos 1.200 mortos, também intensificou a violência na Cisjordânia. Nas últimas semanas, as operações se concentraram no norte do território, onde os grupos armados que lutam contra Israel são mais ativos.
Uma contagem da agência de notícias AFP baseada em dados disponibilizados pela Autoridade Palestina -espécie de governo transitório que deveria ser sucedido por um Estado palestino na Cisjordânia- indica que mais de 650 palestinos morreram na região em decorrência de ações do Exército ou de colonos israelenses desde o 7 de Outubro. Já Tel Aviv calcula que tenha havido 20 mortes de israelenses no território ao longo do mesmo período.
A ONU afirmou que a mais recente operação na Cisjordânia tem potencial para “agravar seriamente a situação já catastrófica” nos territórios palestinos. “Israel, como potência ocupante, deve cumprir as suas obrigações de acordo com o direito internacional”, declarou a porta-voz do escritório de direitos humanos do organismo multilateral, Ravina Shamdasani, em comunicado. Ela acrescentou que dois dos dez mortos nos ataques supostamente eram crianças.
Nibal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho palestino, disse que a situação em hospitais no norte da Cisjordânia é “extremamente grave”.
“Nossas equipes médicas em Tubas, Tulkarem e Jenin estão enfrentando obstrução por parte dos israelenses enquanto tentam cumprir suas funções humanitárias e atender os palestinos feridos”, disse ele. “As forças invadiram o posto médico do campo de Fara, detiveram os profissionais e os impediram de usar quaisquer meios de comunicação.”
Enquanto isso, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, interrompeu uma visita à Arábia Saudita para retornar à Cisjordânia nesta quarta-feira e “acompanhar o desenrolar da agressão israelense”, informou a agência oficial palestina Wafa.
Também nesta quarta, foram registrados novos avanços dos tanques israelenses sobre Khan Yunis, além de ataques a toda a Faixa de Gaza. Autoridades locais, ligadas ao Hamas, afirmam que pelo menos 34 palestinos morreram nos confrontos na data, dos quais 11 em Khan Yunis; 8 em Deir Al-Balah e 2 em Nuseirat.
Eles se somam aos 40.534 palestinos mortos durante a guerra, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
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