Existem diversos tipos de transtornos mentais, geralmente caracterizados por combinações de sintomas diferentes. No entanto, alguns podem se manifestar de forma semelhante. Entre os transtornos, podemos citar a depressão, o transtorno bipolar, a demência, a esquizofrenia, entre outros, que, somados, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), afetam cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo.
O Transtorno Bipolar e a Esquizofrenia – transtornos mentais que levam muitos pacientes para internação e para residências terapêuticas – são doenças conhecidas, mas muito confundidas. “As pessoas podem confundir essas condições porque alguns sintomas, como agitação, desorganização, sintomas psicoticos, desânimo, inadequação, podem aparecer em ambos, especialmente em momentos de crise”, comenta o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica.
Os dois transtornos mentais podem ser graves e afetar o pensamento nos períodos de agudizacção. As vezes, a doença pode ser indistinguível em um primeiro momento, necessitando de mais tempo de acompanhamento para fechar o diagnóstico, que muitas vezes nem é fechado ou pode até mesmo ser modificado ao longo do acompanhamento médico. “Além disso, há também um diagnóstico onde essas doenças se misturam, o Transtorno Esquizoafetivo. Existe, inclusive, uma teoria bem aceita entre os psiquiatras, em que ambas seriam uma mesma doença, porém, quando falamos da apresentação clássica dos transtornos, elas possuem diferenças”. Ainda segundo o especialista, a principal delas é a possibilidade de no Transtorno Bipolar o paciente poder ficar quase completamente assintomático.
O Transtorno Bipolar é uma doença com 3 fases, segundo o Dr. Lipman: a fase da depressão, a fase da euforia e a fase da estabilidade, chamada eutimia. “O objetivo do tratamento é prolongar ao máximo a fase da eutimia e reduzir as fases das crises, seja de euforia ou de depressão. Já na esquizofrenia, a fase da estabilidade costuma não ser isenta de sintomas, com um comprometimento maior, sintomas como desinteresse, embotamento afetivo, perdas funcionais mais pronunciadas”, comenta. “Na verdade, a semelhança entre as doenças aparece em evoluções mais graves do transtorno bipolar, que pode se assemelhar a esquizofrenia, ou no período das crises, porém, as crises tratadas, costuma ser mais fácil fazer a diferenciação”, completa.
Diagnóstico
De acordo com o Dr. Lipman, ao falarmos de transtornos mentais, estamos falando sobre doenças que não têm um exame específico para um diagnóstico e é por isso que os relatos do paciente são importantes, assim como a entrevista com os familiares.
“Como essas e outras doenças têm sintomas muito parecidos, cada relato, cada informação vinda do paciente é extremamente importante para fechar um diagnóstico certeiro e, assim, realizar o tratamento correto”, orienta ele.
Tratamento
Nos dois casos, o uso de medicação psicotrópica se mostra fundamental. Na esquizofrenia, o uso de antipsicóticos é a pedra mestre do tratamento, enquanto no transtorno bipolar o mesmo é feito com estabilizadores de humor. “Nos dois casos pode ser necessário o uso de outras medicações, como antipsicóticos e antidepressivos no transtorno bipolar, ou antidepressivos, benzodiazepínicos, entre outros, na esquizofrenia”, explica.
Outras terapias como psicoterapia, hospital-dia, entre outros também são úteis e devem ser avaliados caso a caso. “Para as duas doenças, os tratamentos são contínuos e têm como objetivo a reversão de sintomas e alargamento dos períodos intercrises e não da doença, pois as duas são crônicas, ou seja, durarão por toda a vida”, finaliza.
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