A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que o tempo seco do inverno triplica as alergias respiratórias – rinite, sinusite, bronquite e asma. Isso explica o aumento no número de atendimentos médicos nos hospitais de todo o País depois da explosão de queimadas que cobriu o Brasil de poluição no último final de semana.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier o hospital ainda não tem estatísticas do número de consultas provocadas pelas queimadas, mas há evidências nos prontuários de que seis em cada 10 alérgicos têm manifestação nos olhos. Pior: o número de alérgicos não para de crescer. Já corresponde a 40% da população mundial. O especialista afirma que toda alergia é uma intensa reação das nossas células de defesa aos ácaros, proteínas ou aditivos de alimentos industrializados e até a alguns componentes de medicamentos que deveriam ser inofensivos ao nosso organismo. “As alergias também podem estar relacionadas às alterações climáticas, excesso de higiene, antibióticos e aditivos na alimentação que fazem parte do mundo atual”, pontua.
Conjuntivite alérgica
Independente ou associada a outras alergias, o oftalmologista afirma a poluição das queimadas pode causar conjuntivite alérgica, inflamação da conjuntiva, membrana que reveste as pálpebras e a esclera, parte branca do olho. A condição não é transmissível e tem como sintomas: vermelhidão, coceira, pálpebras inchadas e secreção aquosa. O tratamento é feito com colírio anti-histamínico ou antialérgico oral nos casos mais graves, onde os sintomas oculares são parte de uma reação alérgica sistêmica. O oftalmologista afirma que o uso de lente de contato deve der interrompido ao primeiro desconforto nos olhos para evitar lesões na córnea.
Aumento do ceratocone
Os diferentes tipos de alergia e o hábito de coçar os olhos, pontua, também estão aumentando o número de adolescentes e jovens com ceratocone, doença que afina e faz a córnea, lente externa do olho, tomar o formato de um cone. Quem tem astigmatismo, erro de refração que deforma a córnea deve ficar alerta. O oftalmologia alerta que o ceratocone não é diagnosticado através de um exame de rotina e pode ser confundido com astigmatismo. O diagnóstico, observa, requer tomografia da córnea e os olhos devem ser mantidos hidratados com colírio lubrificante para reduzir o desconforto. Em caso de coceira intensa recomenda consultar um oftalmologista. Pode ser indicado colírio anti-histamínico ou corticoide.
Queiroz Neto ressalta que quanto antes a condição é diagnosticada, melhor. Isso porque, o tratamento deve começar com a interrupção da progressão da doença com crosslinking, cirurgia ambulatorial que fortalece as ligações de colágeno da córnea. Numa segunda etapa o implante de um anel na córnea aplana seu formato e melhora a refração. O objetivo é evitar o transplante para manter os olhos íntegros, pontua.
Conjuntivite viral
“A baixa temperatura somada às aglomerações em ambientes fechados facilita a disseminação de vírus que além da gripe pode causar conjuntivite viral”, salienta. O especialista afirma que os principais grupos de risco são as crianças que estão com o sistema imunológico em desenvolvimento e idosos que têm queda na imunidade causada pela atrofia do timo, principal glândula do sistema imunológico. Altamente contagiosa, a conjuntivite viral se diferencia da alérgica pela secreção viscosa nos olhos. O tratamento é feito com compressas frias de gaze embebida em água filtrada ou soro fisiológico, lágrima artificial e colírio sob supervisão médica.
Olho seco
A poluição, o ar seco e o frio também aumentam os casos de olho seco, uma alteração na qualidade ou quantidade da lágrima que hoje conta com diagnóstico bastante preciso. A maioria dos casos é do tipo evaporativo quando a deficiência ocorre na camada lipídica da lágrima. O tratamento pode ser feito com colírio lubrificante ou luz pulsada que desobstrui as glândulas que produzem esta camada da lágrima.
Prevenção
Para prevenir todas estas condições as recomendações são:
Lave as mãos com frequência e evite tocar os olhos.
Não compartilhe maquiagem, colírio, toalhas, óculos e outros dispositivos.
Beba bastante água.
Não coce seus olhos.
Mantenha a casa e o escritório livres de poeira.
Use umidificador de ar ou uma bacia com água no ambiente.
Evite aglomerações.
Nunca use colírio sem supervisão de um oftalmologista.
Use óculos e máscara em ambientes externos quando a poluição estiver alta.
Mantenha seus olhos lubrificados.
A saúde ocular também depende de acompanhamento oftalmológico. Todos nós devemos passar por consultas oftalmológicas regulares, finaliza.
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