Café previne envelhecimento, inflamações e age como neuroprotetor

Celebrado no Brasil em 24 de maio, o Dia Nacional do Café marca o consumo e o cultivo da bebida mais popular do país. De acordo com levantamento realizado pelo Sebrae, o Brasil lidera a produção mundial de café e é o segundo maior mercado consumidor da bebida. Além de sua importância econômica para o setor agrícola, a bebida se popularizou ao longo dos anos, conquistando muitos adeptos das doses diárias e terapêuticas na rotina.
 

Para os amantes do café, é essencial incorporar a cafeína na dieta de maneira saudável e aproveitar ao máximo os benefícios comprovados do grão. De acordo com a professora de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Mayra Magalhães, o consumo equilibrado de café pode melhorar a qualidade de vida e oferecer diversos benefícios à saúde. 

Confira a entrevista na íntegra:

Quais são os benefícios nutricionais do café? Existem nutrientes específicos que ele fornece?

MM: O café é rico em vitaminas do complexo B e no mineral potássio, que auxiliam na concentração e memória. Além disso, é rico em polifenóis, que são substâncias antioxidantes que facilitam a digestão e reduzem a produção de radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento e inflamações no organismo. A cafeína também tem efeito neuroprotetor, pois fortalece as conexões neurais.

O consumo regular de café pode estar associado a algum risco para a saúde?

MM: Consumir café diariamente não trará nenhum risco para a saúde, desde que seja consumido em quantidades moderadas. O risco para a saúde dependerá da dose ingerida e se a pessoa já possui algum comprometimento gastrointestinal ou sensibilidade à cafeína.

Como a cafeína no café afeta o corpo humano? Existem pessoas que devem evitar o consumo de café devido à cafeína?

MM: A cafeína pode afetar o corpo humano se consumida em doses altas. Algumas pessoas mais sensíveis podem sentir palpitações, aumento da ansiedade e insônia. Devem evitar o consumo todos aqueles que sentirem algum tipo de desconforto gastrointestinal, como gastrite, refluxo e azia, pois podem piorar esses sintomas.

Como o café pode influenciar os níveis de energia e concentração ao longo do dia?

MM: Por ligação com receptores cerebrais, a cafeína estimula o sistema nervoso central, aumentando a concentração e energia. Vale lembrar que esse aumento é momentâneo, e quando o efeito acaba, a energia pode se tornar mais baixa do que antes do consumo. Por isso, é comum as pessoas recorrerem ao consumo para aumentar a energia e exagerarem na quantidade ao longo do dia, gerando um ciclo vicioso.

Existem interações entre o café e certos medicamentos ou suplementos nutricionais que devemos estar cientes?

MM: Sim, por isso não é recomendado que se tome medicações junto com o café. A cafeína pode interferir no metabolismo de alguns medicamentos e na absorção e eficácia de outras medicações. Em relação à interação com nutrientes, a cafeína pode interferir na absorção de suplementos de cálcio, ferro, vitaminas C e D. Caso vá consumir algum desses suplementos, dê preferência a tomá-los com água.

Qual é a quantidade ideal de café que uma pessoa deve consumir diariamente para obter os benefícios sem prejudicar a saúde?

MM: A quantidade recomendada para uma pessoa adulta não deve ultrapassar quatro xícaras pequenas por dia, em torno de 400 mg de cafeína. É importante ficar atento ao consumo de outras bebidas que contêm cafeína, como bebidas à base de cola, chá-mate, chá preto e energéticos.

Quais são os efeitos do café na digestão e no sistema gastrointestinal?

MM: A cafeína aumenta a digestão dos alimentos, pois estimula a secreção de ácido clorídrico no estômago. Porém, é exatamente por isso que não é recomendada para pessoas que apresentam sintomas de azia. Já no intestino, o consumo de café aumenta a motilidade intestinal e os movimentos peristálticos, acelerando a eliminação das fezes.

Há diferenças significativas entre o café preparado de diferentes maneiras (por exemplo, filtrado, expresso, prensa francesa) em termos de seu impacto na saúde?

MM: Os métodos de preparo do café influenciam na quantidade de cafeína presente. No caso do café coado, encontramos menor quantidade de cafeína do que no expresso. A acidez do café coado também é menor, pois a filtragem é mais lenta. Percebemos mais diferenças em sabor, acidez e quantidade de cafeína entre os métodos. Em relação ao impacto na saúde, os grãos selecionados, a temperatura e o tempo de torra dos grãos, que conferem a qualidade do café, impactam na preservação das substâncias antioxidantes que beneficiam o nosso corpo.