SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A morte de um publicitário de 23 anos que desapareceu após sair de uma sauna gay, na região central de São Paulo, causou uma onda de pânico -com relatos não confirmados pela polícia de outros desaparecimentos.
Yuri Castro sumiu após sair do Hotel Chilli na madrugada de segunda-feira (22). O corpo foi identificado na quarta. O estabelecimento esteve ligado a um caso de morte no ano passado. Ao UOL, o Hotel Chilli negou que tenha relação com a morte de Yuri.
O que se sabe sobre o caso
Yuri Castro desapareceu após sair do Hotel Chilli na madrugada de segunda-feira (22). O boletim de ocorrência aponta que ele foi resgatado por uma ambulância do Samu na rua General Osório, na região da Santa Ifigênia, também no centro da cidade. A distância entre a sauna e a rua onde o publicitário foi encontrado é de aproximadamente 900 metros.
O Hotel Chilli informou que Yuri saiu de lá às 4h25 do dia 22, “vindo a falecer horas depois”. Por meio de nota, disse que o estabelecimento e seus colaboradores não têm responsabilidade sobre os fatos ocorridos, “não tendo havido qualquer agressão ou ação contundente em face do hóspede”.
O jovem chegou a ser levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vergueiro, no bairro da Liberdade, também no centro. Não há informações sobre como o rapaz foi encontrado pelo resgate e nem qual a causa da morte dele. O corpo de Yuri foi identificado pela família dele no IML (Instituto Médico Legal) na quarta-feira.
As circunstâncias da morte do publicitário são investigadas pelo 3º Distrito Policial (Campos Elíseos). Exames periciais foram solicitados e serão analisados pela polícia após a finalização, informou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo ao UOL.
Segurança de sauna relatou ‘fuga’ de cliente
Um áudio de um segurança da sauna, enviado para a gerência do estabelecimento, narra o que teria ocorrido. Na versão dele, Yuri disse a um funcionário que estava sendo perseguido na sauna e que teria acionado a polícia. O áudio foi divulgado primeiramente pela BandNews FM e obtido pelo UOL.
Minutos depois, Yuri teria corrido até o Terminal Amaral Gurgel. Um segurança da sauna foi atrás dele e o abordou junto com um vigia do terminal, que fica a cerca de 400 metros do Hotel Chilli.
Segurança da sauna disse que o cliente tinha dívida de aproximadamente R$ 700 no local. No áudio, ele relatou que segurou Yuri pelo pescoço e pelo braço para conduzi-lo de volta até o estabelecimento. O homem afirma que, já próximo ao local, o cliente se tornou “agressivo e transtornado”, causando um confronto físico entre ambos, no qual foi derrubado. Ele alega ainda ter conseguido segurar o roupão de Yuri, que tirou a peça e correu novamente, deixando o celular e chave do quarto para trás.
Em áudio, o funcionário ainda disse que o hotel teria um “procedimento” caso o cliente não pagasse. Ao UOL, Douglas Drumond, proprietário do estabelecimento, afirmou que a sauna faz “pressão” para os funcionários ficarem atentos em seus postos e impeçam que devedores deixem o local. Porém, negou que os empregados sejam cobrados pelas dívidas de clientes.
Proprietário nega agressão
O estabelecimento negou que tenha relação com a morte do rapaz. Ao UOL, Douglas disse que o cliente não foi tratado de forma violenta, como apontado por algumas postagens nas redes sociais. Segundo o proprietário da sauna, Yuri era cliente do local.
Douglas disse que o Instagram do estabelecimento foi bloqueado e afirmou que está sendo chamado de “assassino”. Ele relatou que prestará depoimento à polícia e encaminhará as imagens das câmeras de segurança da sauna e a lista de quem estava com Yuri no local.
O proprietário ainda lamentou a morte do jovem. “Estamos muito tristes com o falecimento do Yuri. Desejamos aos amigos e familiares, os nossos mais sinceros sentimentos”, finalizou Douglas.
Reações nas redes sociais
O caso do desaparecimento e morte de Yuri gerou reações nas redes sociais e provocou uma onda de pânico. Alguns relatos citam desaparecimentos de homossexuais no centro da capital. Procurada pelo UOL, a Polícia Civil afirmou que o único caso investigado no centro é o de Yuri e pediu que pessoas que tenham outras denúncias façam o registro da ocorrência.
Publicações atribuíam os supostos desaparecimentos a crimes de ódio. Uma página conhecida por divulgar eventos e memes comentou sobre o suposto desaparecimento de dois homens. No X (antigo Twitter), outras publicações afirmavam que sete homens gays teriam desaparecido no mesmo fim de semana. Nenhum dos casos foi confirmado.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL) pediu informações ao secretário de Segurança Pública de São Paulo sobre os supostos desaparecimentos de homens gays na cidade. “Estou extremamente preocupada com os relatos e denúncias de possíveis desaparecimentos e mortes de homens gays na região central de São Paulo nos últimos dias”, afirmou.
Morte em banheira
Em setembro do ano passado, um caso ligado ao Hotel Chilli chamou a atenção. O jornalista Luiz Carlos Pereira de Lima, 34, foi encontrado morto na banheira da suíte da sauna. A ocorrência foi registrada como morte suspeita no 2º DP (Distrito Policial) no Bom Retiro.
Na época, o Hotel Chilli disse que as imagens das câmeras de segurança indicavam que o homem “parecia estar sozinho na hora” do ocorrido. O hotel ainda informou, na época, que outros dois óbitos ocorreram nos seus recintos, mas não detalhou quais foram os casos.
“Em quase 12 anos no Largo do Arouche, esse é o terceiro óbito em nossos recintos. Reiteramos que estamos dentro de todas as normas de segurança vigentes. Possuímos AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) atualizado e todos os equipamentos estão em pleno funcionamento.”, informou o Hotel Chilli, em nota no Instagram em setembro de 2023.
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