SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Palmeiras anunciou nesta quarta-feira (9) um acordo com a construtora WTorre, encerrando longa disputa em torno das propriedades do Allianz Parque. O clube espera receber R$ 50,1 milhões à vista, ainda nesta semana, e poderá operar partes do estádio ao qual não tinha acesso, o que ampliará sua capacidade.
O acerto -alvo de ressalvas da oposição, diante da proximidade da eleição presidencial e do que foi chamado de falta de transparência- põe fim em uma querela que se arrastava praticamente desde a inauguração da arena, há dez anos. Sempre houve discordância a respeito de quanto a empreiteira deveria repassar à agremiação da zona oeste paulistana.
Pelo contrato de 30 anos, com duração até 2044, o Palmeiras tem receitas crescentes pela locação da arena para eventos -como os recorrentes shows, que têm prioridade sobre o futebol- e pela exploração de lojas e estacionamentos. A participação vai de 5% nos primeiros cinco anos a 45% nos últimos cinco do compromisso.
A WTorre, que arcou integralmente o custo da construção do estádio, fica com a maior parte dessas receitas e deve repassar o restante para o clube, o que, por discordância de valores, não é feito desde 2015. A pedido do departamento jurídico alviverde, um inquérito policial foi aberto em 2023 para apurar os possíveis crimes de apropriação indébita e associação criminosa.
Estava em curso desde a década passada uma ação judicial. No início deste ano, o Palmeiras entendia ter R$ 136 milhões a receber. Segundo o clube, para finalizar o litígio, “as duas partes fizeram concessões, assim como ajustes comerciais e operacionais”. Sem dar detalhes, a diretoria informou que “o saldo do acordo financeiro totaliza R$ 117,1 milhões”.
“Este é um momento especial para todos nós. Após dez anos de discussões, a nossa gestão concretizou um acordo justo, benéfico a todos e fundamental para o futuro desta parceria, que tem mais 20 anos pela frente. Nosso compromisso é construir um Palmeiras cada vez mais vencedor, e, para isso, queremos caminhar lado a lado com a WTorre”, afirmou a presidente Leila Pereira.
“Ao completarmos uma década de Allianz Parque, não poderíamos ter uma conquista mais importante do que o acordo com o Palmeiras. O clube mais vencedor do país e a principal arena multiuso do continente podem, e devem, conquistar juntos novas metas, tendo um cenário de harmonia”, disse Sílvia Torre, cofundadora da WTorre e presidente de seu conselho administrativo.
As negociações tiveram do lado alviverde, além de Leila, seu diretor executivo, Anderson Barros. Atuaram pela construtora seu CEO, Cristiano Koehler, e o CEO da Real Arenas, braço da empreiteira na relação com estádios, Marcelo Frazão. Eles acertaram, além da parte financeira, a cessão de propriedades da arena.
O Palmeiras informou que implementará o “Novo Setor Gol Norte”, onde fica o anfiteatro utilizado nos shows. Segundo o comunicado, isso ampliará em cerca de mil lugares a capacidade do Allianz Parque, cujo recorde de público é de 41.457 torcedores. Os detalhes ainda serão apresentados ao Conselho Deliberativo, o que irritou membros da oposição.
Segundo eles, Leila disse em reunião do próprio Conselho em 10 de junho que os documentos do acordo, alinhavado, já estavam sob análise do departamento jurídico. Os oposicionistas estranharam que o acerto tenha sido anunciado somente agora, às vésperas do pleito presidencial -Savério Orlandi é o único concorrente de Leila, que tenta a reeleição.
A eleição propriamente dita ocorrerá em 24 de novembro -um domingo, excepcionalmente, justamente porque há um show do cantor Lenny Kravitz marcado para o sábado, 23-, em assembleia geral dos sócios. Mas os candidatos serão apreciados pelo Conselho já na próxima segunda (14).
Essa etapa é considerada protocolar, já que a aprovação de cada candidatura depende de apenas 15% do Conselho (o equivalente a 44 votos), porém tida como importante para mostrar força na corrida presidencial. Ladeira acima no caso de Savério Orlandi, azarão diante da favoritíssima Leila Pereira.
Savério era da diretoria quando o compromisso inicial com a WTorre para a construção do Allianz foi fechado. Em diversas ocasiões tratou o modelo adotado como vanguardista e se irritou com as críticas de Leila a respeito do acerto -ela chegou a dizer que o Palmeiras receberia um estádio em ruínas, “como o Coliseu”.
“Sempre defendemos que o melhor caminho é que esse acordo entre Palmeiras e WTorre gere ganhos para todas as partes. É com satisfação que vemos a pressão da oposição surtir efeito. Mostra que a presidente entendeu que não estamos tratando do pior negócio da história do Palmeiras e que só trabalhando em conjunto vamos evitar receber, como ela disse, o Coliseu de Roma”, disse Orlandi.
“Por outro lado, solicitaremos que os detalhes deste acordo sejam apresentados amplamente no Conselho de Orientação e Fiscalização e no Conselho Deliberativo. O Palmeiras merece uma gestão 100% focada em seus interesses e ambições, sem distrações externas”, acrescentou.
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